segunda-feira, 14 de abril de 2008

O COLAR DO “SETE ORELHAS”

Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, ( 1761 — 1808) foi um dos mais terríveis facínoras do interior brasileiro, pior que Lucas da Feira, Cunduru, Antônio Silvino, Lampião.
Januário Garcia Leal foi um fazendeiro que vivia na propriedade denominada Ventania, situada no sul de Minas Gerais, juntamente com sua família e escravos. Em 21 de janeiro de 1802, recebeu carta patente assinada pelo Capitão General da Capitania de Minas Gerais, Bernardo José de Lorena, nomeando-o como Capitão de Ordenanças do Distrito de São José e Nossa Senhora das Dores (hoje Alfenas). Sua vida foi pacata até que um acontecimento trágico a mudou definitivamente: a morte covarde de seu irmão João Garcia Leal, que foi surpreendido perto da localidade de São Thomé das Letras por sete homens e atado nu em uma árvore, onde foi assassinado a sangue frio, tendo os homicidas retirado lentamente toda a pele de seu corpo.
A burocrática justiça colonial mostrou-se absolutamente indiferente ao episódio, deixando impunes os sete irmãos que haviam perpetrado a revoltante barbárie. Foi assim que, ante a indiferença dos órgãos de repressão à criminalidade, Januário associou-se a seu irmão caçula Salvador Garcia Leal e ao tio, Mateus Luís Garcia, e, juntos, os três capitães de milícias assumiram pessoalmente a tarefa de localizar e sentenciar os autores do crime contra João Garcia Leal, dando início a uma perseguição atroz que relembrou obscuros tempos da história da humanidade, quando a justiça ainda era feita pelas próprias mãos.A lei escolhida por Januário, chefe do bando de justiceiros privados, foi a de talião, ou seja, a morte aos matadores – com o requinte estarrecedor de se decepar uma orelha de cada criminoso, juntando-as em um macabro cordão que era publicamente exibido como troféu pelos implacáveis vingadores.
Somente depois de decepada a última orelha dos criminosos é que Januário deu-se por satisfeito. Até então, grande parte da então Capitania de Minas Gerais ficou sujeita à autoridade dos vingadores, que chegaram a desafiar magistrados e milicianos, sendo necessária a dura intervenção de Dom João VI, então Príncipe Regente de Portugal, para tentar debelar a ação dos capitães revoltados, que foram duramente perseguidos.















LENDA DO COLAR DO SETE ORELHAS



Januário Garcia. Filho de fazendeiro vivia feliz no sertão das Carrancas com o pai, a mãe e o irmão. Plantava e criava gado. Seu irmão, João Garcia Leal, vivia apaixonado pela filha do fazendeiro vizinho, que era muito mais rico que seu pai. Ela também gostava dele, começaram a se encontrar escondidos, o pai dela era contra o namoro, pois queria encontrar um noivo mais rico para sua filha. Não demorou muito e ela apareceu grávida. Nos velhos tempos, gravidez fora do casamento era sinônimo de pecado. A população discriminava assim como a igreja. O pai da moça jurou que iria se vingar dessa humilhação.
Um belo dia o irmão de Januário saiu para procurar um boi que tinha desaparecido. Passou horas e nada do irmão de Januário voltar para casa. Januário já preocupado com as ameaças do fazendeiro vizinho montou em seu cavalo e foi atrás do irmão.
Bem no pé da serra Januário avistou o cavalo do irmão pastando, chegou perto do cavalo e gritou seu irmão. O único som que se ouvia era das maritacas gritando. Derrepente escutou um gemido que vinha de dentro da mata fechada. Januário desceu do cavalo e foi verificar. Quando chegou perto do gemido, viu seu irmão pendurado por uma corda na arvore, sem a pele e castrado. Rapidamente o tirou da árvore, abraçou-lhe, e viu o brilho dos seus olhos apagarem. Januário gritou ajoelhou no chão e jurou por todos os santos que iria matar seu vizinho, o fazendeiro, e os seis primeiros descendentes dele. E iria fazer um colar com as sete orelhas dos mortos.
Voltou para casa com o irmão morto, seus pais quase morreram do coração. Velaram e enterraram o corpo. Januário não comentou aos pais o juramento que tinha feito. Arrumou as malas e o cavalo e sai de casa para concretizar sua vingança. O vizinho fazendeiro nunca imaginava que alguém pudesse o atacar, pois tinha vários capatazes que o protegiam dia e noite. Sua família era ele a mulher mais cinco filhos homens e a menina que ficou grávida. Esta era a única que estava fora do juramento feito.
Passaram-se dias e Januário não saia da tocaia, esperando o momento certo para atacar suas vítimas. Um dia observava a fazenda do vizinho e viu o filho mais novo do fazendeiro brincando na horta de laranja. Januário aproximou-se sem fazer barulho e derrepente pulou em cima do menino que deveria ter uns seis anos, e o matou com uma facada no peito. Continuou de tocaia para ver se mais alguém viria até a horta. Foi quando mais dois irmãos do garoto chegaram, logo viram o irmãozinho caído no chão, correram para ver o que tinha acontecido, quando chegaram perto Januário saiu de dentro do mato e também matou os dois com sua faca. Cortou uma orelha de cada. Depois disso fugiu para a mata, pois o fazendeiro iria atrás dele.





Alguns dias depois Januário, mandou entregar um bilhete na casa do fazendeiro. Nela ele falava que tinha matado seus três filhos, e que ele sua mulher e os outros dois meninos estavam jurados de morte. Que iria até o fim para vingar a morte do irmão.
O fazendeiro que já estava muito triste com a morte de seus três filhos menores. Resolveu partir dali, mudou-se para longe, um lugar que poderia viver longe das ameaças de Januário.
Januário com toda sua esperteza descobriu onde o fazendeiro estava morando. Era um sítio alugado, estavam na casa o fazendeiro a mulher os dois filhos e a menina.
Januário ficou de tocaia vários dias em volta do sítio. Reparando que eles não saíam de casa, esperou os capangas irem até a cidade para fazer compras. Quando saíram Januário chegou pelos fundos, agora ele tinha uma garrucha e um punhal. Entrou pela janela da cozinha. Os moradores tinham acabado de almoçar e estavam deitados em suas camas. Januário andou lentamente pela casa. Quando olhou no primeiro quarto, estava o fazendeiro e sua mulher deitados dormindo. Januário pegou a garrucha e disparou contra o fazendeiro. Sua mulher que acordou aos gritos foi silenciada com seu punhal. Os dois meninos que estava no quarto vizinho brincando, aterrorizados, pularam a janela do quarto par o quintal, Januário percebendo correu para o quarto e encontrou a menina que seu irmão tanto amava. Olhou para ela, e pulou na janela para perseguir seus dois irmãos. Os meninos se separaram e Januário como já tinha gastado sua munição escolheu o mais novo para correr atrás. Logo o alcançou. E pegou sua orelha. O outro tinha desaparecido na mata, Januário voltou para a casa, não encontrou a menina também. Encontrou o fazendeiro e sua mulher na cama. Cortou suas orelhas e colocou no colar, já tinha seis, faltava mais uma para completar sua jura.
Januário fugiu para a mata. Os capangas voltaram da cidade e encontraram os patrões mortos e um de seus filhos. A menina e o menino que fugiu apareceram depois aterrorizados com aquela tragédia. Logo os dois sumiram da região.
Como o mundo é pequeno, Januário descobriu por um vizinho do sítio que os dois sobreviventes da tragédia, tinham ido morar com parentes para o lado noroeste do Estado. E que fica perto da cidade de Araxá.
Januário partiu com seu cavalo, viajou dias e noites. Já estava cansado, com fome e sede, pois suas reservas alimentares já tinham acabado. Estava cabeludo e barbudo. Seu cavalo já estava quase deitando. O sol estava forte e começava seca na região. Faltava muito para chegar a Araxá. Não agüentando mais de fome, resolveu pedir ajuda a uma casinha que se encontrava na beira da estrada. Desceu do cavalo e gritou chamando os donos. Logo apareceu um rapaz de chapéu, aparentava ter uns 14 anos. Januário primeiro pediu água para o seu cavalo, o menino buscou um balde cheio. Depois pediu comida para o menino, o menino que só tinha uma marmita pronta, dividiu no meu para o viajante. Logo o menino perguntou para Januário onde estava indo. Ele respondeu que estava viajando para conseguir trabalho. Januário perguntou o que ele fazia por aqui. O menino respondeu:
___ Não faço nada, estou escondido aqui na casa dos meus tios, eles foram buscar lenha na mata. A minha família morreu, Januário Garcia matou todos. Estou escondido aqui para que ele não me mate também.
Januário surpreso com a resposta falou:
___Eu sou o Januário Garcia, e vim aqui para te matar!
O menino espantado ficou imóvel.




Januário então continuou:
___Como você foi muito prestativo comigo, deu água para o meu cavalo, e me deu o que comer, vou dar uma chance de você sobreviver.
___Você vai correr por aqui em linha reta, e eu vou contar a te dez. Depois disso vou sacar minha garrucha e disparar. Se eu errar o tiro você pode ir embora que nunca mais vou te perseguir.
O menino aterrorizado ficou sem palavras.
E então Januário começou a contar, o menino não acreditando na situação saiu correndo desesperado. Quando chegou no dez Januário disparou, o tiro, acertou em cheio a nuca do menino que caiu morto no chão. Januário aproximou-se, vibrou com sua pontaria, e como tinha feito com as outras vítimas, cortou a orelha do garoto e completou o seu colar. Depois desse dia ficaria conhecido como Januário Garcia o sete orelhas.
Depois dessa tragédia, aonde Januário chegava exibia seu colar. O império já tinha premiado a cabeça de Januário.
Um dia Januário chegou a um armazém, chegou já jogando o colar com as orelhas em cima do balcão. O dono com os fregueses já ficaram assustados. Sabiam que o indivíduo era perigoso e frio. Januário bebeu até se embriagar. O dono que já sabia de sua história aproveitou da situação. Chamou Januário para jogar cartas. Januário aceitou. No meu da partida Januário quis criar uma confusão, o dono que já estava pronto para atacar, deu uma facada nas costa de Januário. Januário caiu no chão e não mais levantou. Essa história é baseada em fatos reais e aconteceu no sertão das Carrancas no século XVIII.

2 comentários:

Oziel disse...

retificação, não foi perto do Municipio de São Tomé das letras. o fato foi no Municipio de São Bento Abade.
ass: Propietario atual das terras ocorrido
email: Fabiano022000@yahoo.com.br

NandoBardo disse...

🙄😯😯😯😯