segunda-feira, 14 de abril de 2008

POVOAMENTO DO SERTÃO DAS CARRANCAS

Em 1700 chega em Carrancas o Capitão Manuel Garcia, veio pela trilha que Fernão Dias tinha feito alguns anos antes. Manuel construiu a fazenda da rocinha, ponto estratégico na Estrada Real para o abastecimento das tropas bandeirantes.
Depois da guerra dos Emboabas em 1709, Manuel Garcia não poderia ficar mais na região, pois era paulista e capitão. Não só ele, mas outros paulistas de Carrancas tiveram que abandonar o local, pois os paulistas tinham perdido a guerra, as minas de ouro e as terras de Minas Gerais, e quem ficasse poderia sofrer algum tipo de ameaça. Muitos foram para Goiás e Matos Grosso onde bandeirantes tinham encontrado novas minas de ouro. Manuel Garcia foi obrigado a vender sua fazenda em 1713 para Toledo de Pisa Castelhanos o famoso “fundador” de Carrancas que na verdade não foi. Toledo mudou-se de Carrancas em 1745 e em 1748 morreu na cidade de Campanha.
Famílias como a dos Garcia, Leme, Prado, Tavares e Raposo que moravam na região, também tiveram que ir embora por causa da guerra, pois os familiares de soldados mortos na guerra poderiam sofrer algum tipo de represaria por parte dos vencedores.





POVOAMENTO DO SERTÃO DAS CARRANCAS E A
GUERRA DOS EMBOABAS



Os paulistas sabiam de riquezas minerais além da serra da Mantiqueira, pois índios traziam minerais preciosos de lá. Foi então que em 1674 Fernão Dias Paes Leme com 674 homens saíram para explorar as grandes terras que ainda o europeu não conhecia. O caminho percorrido por ele ficaria conhecido mais tarde por Estrada Real. Montou muitos pousos e abrigos inclusive dos quais muitos viraram cidades como Carrancas e Ibituruna.
Era um novo ciclo que iria começar, o ciclo do ouro. Antes a economia estava centrada na cana de açúcar, madeira e na captura de escravos indígenas.
Carrancas nasceu de um pouso da tropa de bandeirantes do Fernão Dias. Local estratégico para acampar, pois havia muita água, caça e abrigo nas pedras para proteção contra o frio.
Com isso vieram famílias paulistas para povoarem a região. Este ano foi por volta de 1700.
Uma das primeiras construções do município foi à fazenda da rocinha. Construída pelo Capitão Manuel Garcia. Além de pouso o local era ponto estratégico para plantar roças para abastecer as tropas que seguiam na Estrada Real para o Rio das Velhas.








Manuel de Borba Gato já era Guarda-Mor das minas de ouro descobertas pelos bandeirantes. Ele era genro de Fernão Dias, e no ano de 1703 já tinha descoberto mais de cinco toneladas de ouro.
A família Leme passou a ser a mais rica do Brasil. Com isso vieram vários parentes para o sertão das Carrancas. Aqui construíram várias fazendas como: Leme, Garcia, Cachoeirinha e muitas outras que se perderam na história.
Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, vieram muitos forasteiros em busca de enriquecerem também. Os bandeirantes paulistas não viam com bons olhos essas pessoas estranhas pegarem o seu ouro. Começaram então as brigas entre bandeirantes e forasteiros. Os bandeirantes apelidaram os forasteiros de Emboabas (que quer dizer galinha com pena nas pernas), por que eles usavam botas longas até o joelho. Esses insultos mais barbáries cometido por ambos, logo começaram a criar grupos armados para se enfrentarem. Os forasteiros que eram os portugueses sem grandes riquezas, começaram a ficar irritados com as atitudes dos bandeirantes. Dessa irritação surgiu o líder dos Emboabas, Manuel Nunes Viana, populista e que ajudava as pessoas mais carentes, além de possuir um considerado patrimônio em terras gado e cavalos.
Borba Gato, líder dos bandeirantes paulistas, não fazia a idéia de como Manuel Nunes iria se tornar poderoso e comandar um grande exército.
Um belo dia o sobrinho de Borba Gato briga com um Emboaba por causa de uma espada que teria sido roubada. Dessa briga nasceria a primeira guerra civil das Américas. Parte dela Carrancas foi palco.
Rapidamente Manuel Nunes reuniu um exército de 10 mil homens e começaram a tomar as cidades que tinha maioria paulista, como: Vila Rica, Caeté. Os paulistas em fuga, reuniram-se em São João Del’ Rei, última cidade grande da Estrada Real em Minas Gerais. A notícia se espalhou rapidamente. E todos os homens paulistas que tinham condições de ir para a guerra foram chamados, inclusive muitos de Carrancas. O objetivo dos paulistas era reconquistar novamente as cidades perdidas. Em poucas horas um exército de mais ou menos quatro mil homens foi formado no sertão das Carrancas para tentarem conter o avanço das tropas de Manuel Nunes que vinha de Vila Rica (Ouro Preto). Os exércitos dos bandeirantes paulistas marcharam até o rio das mortes em São João Del’ Rei. Informantes de Manuel Nunes transmitiram a notícia, e este veio preparado para conquistar Minas Gerais. Os dois grupos armados se encontraram, e vários dias de guerra foram travados, o rio das mortes que era aurífero virou um mar de sangue, pois os mortos eram jogados nele. Sabendo que não poderiam vencer os Emboabas, os paulistas bateram em retirada para Carrancas, cidade vizinha e caminho para São Paulo. Fizeram um pouso em um capão de mato para retomar as energias. Derrepente o exército dos Emboabas cercaram o capão e começaram a atirar. Os paulistas combateram enquanto tinha munição, até que se renderam com garantia de vida dada pelos Emboabas. Quando saíram do mato e entregaram as armas, o comandante Emboaba ordenou que os paulistas fossem fuzilados. Cerca de 300 homens paulistas da região perderam suas vivas. Esse episódio aconteceu no sertão das Carrancas e está relatado em várias enciclopédias históricas, ficou conhecido como Capão da Traição.





Vencida a última resistência paulista, os Emboabas comemoraram a vitória, pois apartir desse dia ficariam donos de todas as minas de ouro de Minas Gerais.
Com isso os familiares dos paulistas tiveram que deixar a região rapidamente, porque começaram a ser perseguidos também. Muitos deixaram suas casas, outros venderam como é o caso da fazenda da Rocinha que foi vendida para Toledo de Piza em 1713.
Os paulistas perderam Minas Gerais, a região mais rica do Brasil, mas logo descobriram outras minas de ouro em Mato Grosso e Goiás.
Os paulistas deixaram além da arquitetura colonial, vários causos e lendas em Minas Gerais. Como a famosa história dos Irmãos Leme que eram facinorosos, violentos e assassinos frios. João e Lourenço Leme eram os mais ricos do Brasil, na época possuíam mais de 15 canastras cheias de ouro. Foram mortos pelo Império.

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