segunda-feira, 14 de abril de 2008

LENDA DOS TATUS BRANCOS

Quando os bandeirantes chegavam na serra da Mantiqueira vindos de São Paulo, já ficavam preocupados com os tatus brancos que atacavam no sertão. Os tatus eram índios que moravam na região e se abrigavam em muitas cavernas secas em suas serras. Eram canibais e atacavam durante a noite os acampamentos dos exploradores. Enxergavam melhor que uma coruja na escuridão, conheciam as trilhas e todas as noites iam atrás de suas presas. Muitos bandeirantes que desapareceram nessa época, provavelmente foram mais vítimas dos temíveis tatus.
Os tatus brancos moravam na mesma região que os índios Cataguás (sul de Minas Gerais). Receberam esse apelido porque se abrigavam em cavernas, e pintavam o corpo com argila branca.
Foi então que organizaram uma bandeira em São Paulo para atacarem os tatus e destruílos, pois o medo dos bandeirantes no sertão era constante.
Foram convocados os melhores homens, e marcharam rumo ao sertão para cumprir a missão.
Chegando ao sertão, fizeram um acampamento em um local onde já tinham desaparecido vários bandeirantes. Ficaram então esperando os tatus atacarem.
Foi quando começaram a escultar barulho de pessoas andando na mata, um bandeirante comentou:

____Escutem todos! São eles chegando! Conheço esse barulho na mata! Eles têm faro de cachorro! Se não fugirmos agora seremos devorados!
O chefe da bandeira estava apavorado, mais queria encontrar cara a cara com os terríveis tatus.
Então o barulho foi se aproximando cada vez mais do acampamento. Os bandeirantes apavorados esperavam o ataque com garruchas nas mãos, espada e faca na cintura.
Der repente o barulho na mata acabou. Escutavam só os grilos. Então os tatus começaram a uivar como lobos. Parecia que tinha centenas deles no meio da mata. Não suportando aquele barulho infernal, os bandeirantes começaram a atirar par todos os lados.
Só que os tatus já estavam acostumados com o barulho das armas de fogo, e enfrentavam qualquer desafio para conseguir carne humana.
Acabando as munições, os bandeirantes começaram a fazer nova recarga. Então uma chuva de flechas e lanças caiu sobre o acampamento. Começou então uma gritaria de pessoas feridas, foi quando os tatus abandonaram o mato e começaram o ataque corpo a corpo. Usavam lanças de madeira e porretes. Em poucos instantes, vivos, mortos, desmaiados, todos foram arrastados para dentro da mata. Apenas um bandeirante sobreviveu. Pois parece que os tatus iam deixar um para engorda. O sobrevivente acordou em uma caverna no meio da serra depois de levar uma paulada na cabeça.
Olhou em sua volta e viu que índios o vigiavam com lanças na mão. Observou e viu que o corpo dos indígenas eram pintados com listras branca. Reparou um índio que estava do seu lado, e percebeu que se tratava de uma mulher. Foi quando os outros indígenas saíram para a mata e ele ficou sozinho com a índia o vigiando.
Os dois ficaram se olhando por um bom tempo. O bandeirante sabia que naquela instante seus amigos estavam todos mortos, e ele mesmo se tentasse uma fuga seria logo capturado, pois estava perdido na serra.
A índia olhava com compaixão o prisioneiro, seus olhos azuis facinavam-a, e a índia começou a se comover com a tristeza de sua presa. Ninguém entendia a língua do outro e der repente à índia fez um sinal para o bandeirante ir embora. Ele levantou-se, a índia sorriu para ele. Desesperado saiu correndo pela mata, ficou dias caminhando na serra até encontrar um acampamento de um outro grupo de bandeirantes que vinha do sul da região, foi onde contou o ocorrido e se formou a lenda dos tatus brancos.

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